A violência por parceiro íntimo em Big Little Lies
- psicsaraiva
- 10 de jul. de 2023
- 2 min de leitura

Intitulado originalmente como Big Little Lies, em português “Pequenas Grandes Mentiras”, a minissérie norteamericana lançada em 2017 retrata a vida de cinco mães cujas histórias se entrelaçam a partir de um crime misterioso.
A produção se passa em Monterrey, uma pequena cidade localizada no estado da Califórnia, Estados Unidos, e inicia explorando o cotidiano de Celeste (Nicole Kidman), Madeline (Reese Witherspoon), Jane (Shailene Woodley), Bonnie (Zoë Kravitz) e Renata (Laura Dern). O que as une desde o início são seus filhos, pois estes frequentam a mesma instituição de ensino. Como a escola é de pequeno porte e direcionada para famílias de poder aquisitivo considerável, nota-se que as reuniões de pais acabam adquirindo um caráter de competição silenciosa. No desenvolvimento da trama, fica evidente que essa imagem transmitida pelas famílias é apenas uma fachada.
O presente texto terá como foco o relacionamento entre Celeste e Perry (Alexander Skarsgård), aparentemente perfeito a olhos externos, porém abusivo em âmbito doméstico. Em um primeiro momento, quando o casal se encontra na companhia de amigos, vê-se um casamento harmonioso, no qual as demonstrações de afeto são constantes e a relação é invejada por amigas de Celeste. Por outro lado, dentro de casa, pequenos desentendimentos resultam em agressões físicas perpetradas por Perry contra a esposa.
Na primeira sequência onde a violência é retratada, Perry verbaliza seu descontentamento com uma ação de Celeste e a empurra fortemente contra o guarda-roupas. No ato, o marido se ajoelha, pedindo desculpas; e, após alguns momentos, o casal inicia uma relação sexual. No dia seguinte, ele presenteia a esposa com joias, desculpando-se novamente. A dinâmica abusiva e violenta é mostrada em diversas cenas, e a gravidade das agressões vai se intensificando com o passar do tempo, findando-se apenas após o falecimento de Perry.
Literaturas especializadas no tema (Walker, 1979) indicam que a violência contra a mulher se intensifica com o tempo (evolui de uma agressão verbal para uma física, por exemplo) e ocorre em ciclo:
1. Fase da tensão: período em que acontecem pequenos conflitos pontuais.
2. Fase da explosão: os conflitos se acumulam e a violência acontece.
3. Fase da lua de mel: o parceiro se desculpa (presenteando a companheira, por exemplo), faz promessas de que a violência não acontecerá novamente e se comporta de maneira exemplar.
Diante deste cenário, existem diversos motivos que levam a mulher a permanecer em uma relação abusiva, sendo alguns deles a espera pela fase da lua de mel, a dependência financeira e/ou emocional do companheiro, a falta de uma rede de proteção pessoal (amigos, família), entre outros.
Uma das formas comumente utilizadas pelos casais para cessar a violência é a procura por ajuda profissional (através de psicólogos, assistentes sociais, advogados ou rede de proteção à mulher local). Na minissérie, Celeste e Perry ingressam na terapia de casal (com uma psicóloga) e é com esta intervenção que Celeste consegue iniciar seu processo de saída do relacionamento.
Como profissionais ou cidadãos, é essencial ter conhecimento a respeito das opções viáveis que podem ser acessadas em casos de violência doméstica, a fim de preservar a integridade física e psicológica da mulher. O link disponibilizado abaixo, do site da Prefeitura de Curitiba/PR contém informações úteis sobre a rede de proteção à mulher local.
Rede de Proteção à Mulher: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticiasespeciais/rede-de-protecao-a-mulher/9
Referência
Walker, L. E. (1979). The battered woman. New York, NY: Harper and Row.
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